domingo, 22 de novembro de 2015

EM Atividade [parte 3 de 4]: Atrofia cerebral

Olá, amigos? Tudo bem com vocês?

Ao longo da vida, não é só a nossa pele e músculos que se atrofiam: o nosso cérebro também o faz... O problema é que doenças como a Esclerose Múltipla aceleram esse processo em até 5 vezes, fazendo inclusive com que nós esclerosados usemos até 5 vezes mais energia para realizar uma atividade simples que uma pessoa que não tem a doença. Felizmente, já existem tratamentos que combatem a atrofia e a fadiga.

Alimentação ruim, atividade física inadequada, falta de sono, uso de álcool ou drogas ilícitas e algumas doenças neurodegenerativas podem afetar a capacidade de memorização. Bem, a perda de memória pode estar ligada a vários fatores, como falei, mas no meu caso é por causa da atrofia cerebral, mas a ligação entre atrofia cerebral e perda de memória não é uma realidade pra todos. 

Todo mundo sofre com a atrofia cerebral, isso é fato. Sim, com o passar dos anos o cérebro sofre com uma diminuição gradual de sua atividade, isso acontece por causa dos neurônios que morrem lenta e gradualmente. Em pessoas saudáveis a redução de atividade neural varia de 0,1% a 0,3% em um ano, em uma pessoa com Esclerose Múltipla essa redução é estimada em cerca de 0,5% a 1%. E inclusive, é por isso que a expectativa de vida de um portador de Esclerose Múltipla é um pouco reduzida, em relação a pessoas saudáveis.

Felizmente, com novos tratamentos esse quadro pode ser revertido. Fonte: desconhecida. Quem souber comenta.
O que raios é essa tal atrofia cerebral? Resumidamente, a atrofia cerebral é uma situação em que o cérebro sofre uma redução de seu volume devido à morte parcial de suas células, os neurônios, afetando suas capacidades para realizar as atividades diárias de aprendizagem e de memória. Os sintomas decorrentes da atrofia cerebral são variáveis, dependendo da área afetada pode causar: mudanças no humor, no comportamento e na personalidade, dificuldades na aprendizagem, dificuldades para caminhar e movimentar-se, dificuldades para ler, entender, falar e memorizar, apatia, etc, etc, etc...

Felizmente é possível exercitarmos nosso cérebro. Quanto mais treinamos, mais ele se desenvolve. Nunca deixe de estimular o seu. Mantenha-o ativo, escolha atividades bacanas, leia, e se desafie. A estimulação cerebral pode gerar novas conexões entre os neurônios e até fazer com que o cérebro gere novas células nervosas.

Alterações cerebrais

FATO: o cérebro de qualquer pessoa diminui à medida que ela envelhece. Para pessoas com esclerose múltipla, descobriu-se que essa redução do tamanho do cérebro, atrofia cerebral, pode acontecer em um ritmo mais acelerado.

As consequências dessa redução no tamanho do cérebro não ocorrem imediatamente, e pode ser diferente em cada pessoa. Isso acontece porque o cérebro tem uma capacidade incrível de compensar os danos e criar novas ligações, novos caminhos – imagine que há uma barreira na estrada, e você precisa fazer uma rota alternativa para chegar no seu destino. Um sintoma que você pode perceber mais rapidamente é o cansaço (sim, isso pode ser contribuir ainda mais com a horrorosa fadiga da esclerose múltipla!). Devido a esse esforço extra que seu cérebro precisa fazer, você poderá se distrair mais facilmente ou ter mais dificuldade em realizar tarefas simultâneas e se concentrar – mas isso pode não afetar algumas pessoas com esclerose múltipla.

Ao longo do tempo, ao medir essas alterações do cérebro por meio de IRM, os neurologistas podem monitorar a forma como a doença está progredindo e usar essa informação para avaliar a eficácia de um tratamento. Nos últimos anos, a ênfase do tratamento mudou do gerenciamento das alterações causadas pela doença, para a priorização da prevenção de quaisquer danos no cérebro. O objetivo primordial do tratamento é proteger o cérebro o quanto antes, antes mesmo do aparecimento de sintomas físicos ou cognitivos, para que você possa continuar fazendo o que é importante para você.

Beijos e até a próxima.

Referencia: Novartis

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

EM Atividade [parte 2 de 4]: Imagens por Ressonância Magnética (IRM)

Oi, pessoas? Tudo bem com vocês?

Continuando a série de 4 textos sobre "Os quatro indicadores de atividade de Esclerose Múltipla". Hoje vou falar sobre aquele exame em que colocam um fone cheio de trecos enfiados nos nossos ouvidos, depois nos colocam dentro de um tubo e nos fazem perceber que o fone não impede tanto que o som chegue aos nossos ouvidos. É aquele exame que me fez pensar de forma equivocada "ufa! Pelo menos não vai ter agulhas"... Pois é, vou falar sobre a querida e amada Ressonância Magnética.

Atualmente, os critérios para diagnóstico de Esclerose Múltipla são muito bem definidos e tem como objetivo o diagnóstico precoce contando, para isso, primordialmente com a Ressonância Magnética.

Esses são os critérios, saibam mais entrando no link no fim da postagem.
A propósito, para ter informações suficientes e determinar os critérios para diagnóstico de EM, foi uma caminhada desde o ano de 1868, quando Charcot descreveu Esclerose Múltipla, até o ano de 1948, quando começaram a fazer ligações entre Esclerose Múltipla e problemas no Sistema imunológico. Mas os primeiros critérios para diagnóstico de EM foram criados apenas em 1968 por um comitê especializado reunido pela Sociedade Nacional de Esclerose Múltipla dos Estados Unidos.

Esses critérios não incluíam exames de imagem, não contavam com a Ressonância Magnética. Por quê? Simples, porque a Ressonância Magnética foi inventada em 1981 e chutem com as imagens de quem? Pois é, de uma pessoa com Esclerose Múltipla (as imagens eram bem feias e demoravam muito pra ficarem prontas, mas já mostravam importância). Foi graças a esta invenção que aconteceu a revolução no diagnóstico de EM e foi estabelecido o conceito de Esclerose Múltipla como constantemente ativa e não reincidente como achavam que era.

Eu sou uma pessoa muito feliz pela existência da Ressonância Magnética, porque fui diagnosticado em 2013, não tinha tantas alterações físicas. Foi só depois de olhar a minha Ressonância Magnética que minha médica viu a árvore de natal que tinha no meu cérebro e as várias lesões na coluna torácica e cervical. Eu estava cheio de lesões, mas não aparentava nada além de um andar estranho e muita fadiga. Durante os 2 anos de tratamento continuei assim, não aparentando tanto clinicamente, mas minhas Ressonâncias Magnéticas ou mostravam lesões ativas ou mostravam que o meu cérebro estava atrofiando muito mais rápido que o padrão (o "padrão" é uma perda de volume de cerca de 0,1% a 0,3% ao ANO).

Lesões indicadas em Imagens por Ressonância Magnética (IRM)

As imagens por ressonância magnética são importantes para os neurologistas, já que este é o único método que permite observar a atividade da doença mesmo antes do aparecimento externo dos sintomas físicos. Essa técnica de imagem pode ser usada para olhar internamente em quase todas as partes do corpo – na esclerose múltipla, são usadas imagens do cérebro e da medula espinhal –, de forma parecida com que o raio-X permite que os médicos vejam fotografias dos ossos. No entanto, ao contrário dos raios-X, as IRMs utilizam um campo magnético forte para criar imagens detalhadas da quantidade de água nos tecidos – e áreas danificadas do cérebro, conhecidas como lesões cerebrais, se destacam porque têm mais água do que o tecido cerebral saudável.

Os átomos de hidrogênio estão presentes em todas as células do corpo humano, mas em maior quantidade nos tecidos moles, justamente porque eles contêm mais água. Por meio da ressonância, um campo magnético alinha os átomos de hidrogênio da parte a ser visualizada. Logo depois, esse estímulo de atração é desligado e os átomos voltam a seus lugares. Dependendo do tempo e da maneira como esses átomos de hidrogênio retornam a seu local de origem, o equipamento identifica se o órgão está normal ou não. Em inflamações e nas lesões causadas pela EM, por exemplo, os átomos de hidrogênio retornam com mais rapidez do que em tecidos sadios.

As IRMs são utilizadas tanto no diagnóstico da esclerose múltipla quanto no monitoramento de sua progressão. Os pesquisadores continuam buscando entender como os dados de ressonâncias magnéticas podem ser capazes de prever resultados físicos e cognitivos futuros (por exemplo, na memória, atenção ou concentração), imagina que coisa "punk" isso de poder prever os danos que a EM pode causar no nosso corpo...

Fonte: http://www.radicom.com.br/exames.htm
O procedimento da ressonância magnética é seguro e indolor (indolor dependendo do ponto de vista), apesar de ser um pouco desconfortável para quem sofre de claustrofobia. O equipamento de IRM é basicamente um grande tubo, aberto dos dois lados, no qual você se deita numa cama. Durante o escaneamento, o técnico de radiografia verá você num monitor e poderá falar com você. À medida que a corrente elétrica do equipamento liga e desliga, ocorrem ruídos altos e, por isso, é necessário usar fones ou protetores auriculares. O processo termina normalmente em um curto espaço de tempo (cerca de 30 minutos), mas geralmente como temos que fazer encéfalo, cervical e torácica, multiplique o tempo dado por três.

Para realizar esse exame não existe nenhuma preparação especial. Porém, você deve seguir rigorosamente as orientações dadas no momento da marcação do exame pois, em alguns casos, é necessário que se faça jejum ou apenas uma dieta “leve”. Certifique-se de que não possui nenhum metal em seu corpo, retire relógios, brincos, colares, correntes assim como qualquer objeto de metal do seu cabelo ou roupa. Poderá ser solicitado que você vista um roupão hospitalar. Permaneça tranqüilo e atenda todas as solicitações do tecnólogo responsável durante a realização do exame.

A Ressonância Magnética, mesmo nos confinando por infinitos minutos em um caixa magnética com um barulho ensurdecedor, é extremamente necessária (seja para diagnóstico ou acompanhamento). É através da Ressonância Magnética que podemos saber se existem lesões ativas, como nosso cérebro está e quão eficaz o tratamento que fazemos é. 

Beijos e até a próxima.

Referências: Novartis
                     EM para Leigos
                    Saúde EM movimento

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

EM Atividade [Parte 1 de 4]: O imprevisível

Oi, gente? Tudo bem com vocês?

Como saber se a Esclerose Múltipla está em atividade? É através do surto, né? Ou será que é vendo novas lesões na Ressonância Magnética mesmo sem ter surto? Em uma série de 4 textos curtos poderemos entender melhor quais são as formas de identificar a atividade da Esclerose Múltipla.

Como não existe uma forma única e concreta de prever o curso da esclerose múltipla, os neurologistas usam uma combinação de diferentes indicadores para ter uma ideia de como a doença poderá progredir. Então, quais são esses indicadores que eles avaliam? Bom, existem três formas bem estabelecidas de como medir a atividade da doença: surtos, alterações físicas (incapacidade) e lesões identificadas em ressonâncias magnéticas.

Comecemos com a manifestação de atividade da EM mais conhecida: O SURTO. Bem, sabemos que o surto é a manifestação mais clara de que o seu sistema imunológico tá ali "fazendo gol contra". Sabemos também que uma das "maiores características" da EM é a imprevisibilidade do surto que vive a nos assombrar nas horas pós-diagnóstico. Mas me responda: você sabe o que é um surto? Vivemos com medo dele, mas sabemos o que ele é?
FONTE: http://esclerosemultipla.novartis.com.br/quatro-indicadores-de-esclerose-multipla/
Surtos

Os surtos também são conhecidos como exacerbações, recaídas ou crises. Sejamos realistas, ninguém gosta de ter surtos! Dependendo da área afetada, eles podem te imobilizar em um dia normal com um cansaço inexplicável, problemas de visão, dormência, paralisia e/ou tonturas. 

Mas o que de fato ocorre? Os surtos acontecem quando os danos causados no cérebro pela esclerose múltipla impedem ou prejudicam a transmissão adequada dos sinais enviados pelos neurônios. A quantidade, o tipo e a gravidade dos sintomas, bem como sua duração, diferem não só de pessoa para pessoa, como também de surto para surto. É importante saber que, mesmo que não exista uma especificação quanto a sua duração, uma coisa é certa, o sintoma deverá persistir por um período mínimo de 24 horas para que seja considerado surto.

Os neurologistas usam a frequência com que essas recaídas ocorrem (taxa de surto) como medida da gravidade da esclerose múltipla. A forma mais comum de medir a taxa de surto é contando o número de surtos e depois calculando a média anual de surtos desde que a esclerose múltipla foi diagnosticada. Os surtos são um método útil para avaliar o potencial de progressão da incapacidade.

Pacientes recém-diagnosticados tendem a considerar cada nova sensação como um novo surto e o reaparecimento de queixas prévias podem assustar. As flutuações que ocorrem ao longo do dia, com períodos de piora das manifestações neurológicas, embora sejam desconfortáveis, não caracterizam necessariamente um novo surto. Existem vários fatores que podem causar o reaparecimento destes sintomas incômodos, como infecções e atividades que causem o aumento da temperatura do corpo, como os exercícios físicos, ambientes muito quentes, fatigabilidade, entre outros.

É importante que na presença de uma queixa neurológica que dure mais de 24 horas, seja ela nova ou a piora de um sintoma pré-existente, você entre em contato com o seu neurologista para que a suspeita seja ou não confirmada. Começar o tratamento precocemente é fundamental para prevenir a ocorrência de sequelas neurológicas.

Caso queira ler a parte 2 da série, clique AQUI.
Beijos e até a próxima.

Referência: Novartis

sábado, 14 de novembro de 2015

Coisas que EM nenhuma me faz esquecer [parte II]

Tem coisas na nossa vida que são tão marcantes que NADA nesse mundo é capaz de me fazer esquecer. Tantas histórias acontecem todos os dias na minha vida, mas aqui eu conto pra vocês a segunda remessa de Coisas que EM nenhuma me faz esquecer.

Para a pARTE UM, CLIQUE AQUI

1. Solugel não é pasta de dentes
Lá estava eu, viajando, quando um belo dia fui escovar os dentes, tirei o tubo da bolsa, passei o conteúdo em minha escova e fui escovar os dentes... Mas aquela pasta tinha um gosto esquisito, nem parecia com minha colgate total 12, close up fire-freeze de sempre, ou sequer as outras que eventualmente eu utilizava na época... nem sequer fazia espuma... fiquei estranhando na hora, mas ok...
Pois bem, terminei de escovar os dentes e... O.o WTF?!?!?! ERA meu tubo de SOLUGEL.
       
Ok, Solugel sempre foi meu melhor creme contra as espinhas, entretanto era PRA ESPINHAS, não pra escovar os dentes o.O
Me explico: devo ter pegado o primeiro tubo que encontrei na mochila e como tinha o mesmo formato de uma pasta de dentes e tava escuro, passei na escova. Só muito depois percebi que não era bem um tubo de pasta de dentes :T
Mas tá tudo bem. Pelo menos meus dentes nunca mais ficaram com cravos, espinhas ou aparência de nerd desde então.

2. Coisas de cinema
Uma coisa certamente inesquecível é o dia que fui ao cinema com minha namorada pra assistirmos ao filme de terror que ela tanto queria assistir. Eu sabia que ela ficaria com medo, mas ela GARANTIU que não tinha medo de filmes de terror. Gastei quase R$ 30,00 pra assistirmos, e quando estávamos assistindo ao filme, ela ficou completamente apavorada, gritava e se tremia de medo. Saímos da sala de cinema, assim que chegou em uma cena que pra ela foi assustadora demais (ainda que fosse só um brinquedo caindo no chão, literalmente) e ela ficou chorando e tremendo lá fora, o tempo todo abraçada comigo, até que chegou o gerente e deixou que assistíssemos GRATUITAMENTE a uma outra sessão que se iniciaria em 5 minutos, de um filme que era bem legal e que acho que era infantil (afinal, combinava mais com a Paula)…
E esse foi o que acabamos assistindo, filme legal... Me lembrou o livro "1984".

3. Encontros e encantos
A coisa mais inesquecível é também o primeiro encontro de Pacientes e Blogueiros com Esclerose Múltipla que eu participei, foi lindo demais e lá pude encontrar e conhecer pessoalmente a Bruna. A moça responsável por ensinar pra Paula que eu tenho Esclerose Múltipla e que não era invenção pra me fingir de coitadinho. A Paula achava que eu estava fazendo teatro só pra conseguir uma namorada e, mesmo ela vendo eu tomar injeções de interferon, achava que os remédios eram brincadeiras e era tudo fingimento porque eu não tinha cara de quem tem Esclerose Múltipla. Felizmente, hoje ela sabe que Esclerose Múltipla e/ou esclerosado não tem cara.
Nesse mesmo encontro, também conheci pessoas lindíssimas que pude admirar de perto também, como a Cynthia Macedo, a Bete Tezine, a Priscila Torres, o Gustavo, o Jaime, o Rodrigo e conheci quem me lia de longe, como o Marco Torronteguy. Descobri gente "nova", como a Thaty Stocco, Tuka Güttler e Marina Mafra. Conheci tantas associações de outros estados, representantes de laboratórios, doutores da alegria e muitas outras pessoas que nos encontraram.
Cada encontro, foi certamente, um encanto e que eu continue a me encantar por cada um que eu refaço em minha memória todos os dias. Espero que venham outros encontros.

4. Baseado em fatos reais
Pra quem não leu, recomendo que leia o texto que publiquei no último primeiro de abril. Se você não leu, sugiro fortemente que leia, pra poder seguir lendo este presente tópico. Sem mais delongas, iniciemos:
A coisa inesquecível da vez foi quando traguei algumas vezes num cigarro de maconha e as consequências que aqueles tragos me trouxeram. Sim, tudo o que está lá é fato verídico em cada ponto.
Por que é inesquecível? Porque vou me lembrar sempre de TODAS as experiências que fiz em busca de melhora clínica para a Esclerose Múltipla, desde tratamentos alternativos "seguros" até tratamentos alternativos arriscados. O que fica da experiência é que eu não senti nada além da minha fome habitual e tontura.
A propósito, mesmo sendo uma postagem de primeiro de abril eu não menti porque, quando criança, aprendi com a Núbia, uma das mães que tenho, que não podemos mentir EM HIPÓTESE ALGUMA. Quem sabe no próximo primeiro de abril eu acabe quebrando regras.

5. Irideialogia
Quando eu era criança, minha progenitora fez um curso de iridologia (uma ciência que diagnostica doenças através das íris dos olhos das pessoas) e minha supracitada progenitora vivia com lupas pra olhar os olhos dos outros e diagnosticar coisas baseada naquilo. Não lembro como exatamente eu fiz pra chegar àquela conclusão, mas quase que imediatamente coloquei a lupa num espelho e tchanaaaan! Descobri que seria possível se autodiagnosticar.
A supracitada progenitora usou minha ideia e passou a vender a minha primeira invenção pra um monte de gente que fazia o curso também. Depois disso ela passou a espalhar para o mundo todo como eu supostamente era muito inteligente. Eu lembro também que ela não queria que eu contasse a minha ideia fascinante de como funcionava o aparelho fantástico que inventei. Não que fosse tão difícil pra alguém que soubesse que a ideia foi de uma criança, concluir que era uma coisa simples assim.
Falando em ideias, olhei pra essa imagem que acabei de ver pela web e fiquei pensando como será que está essa parte onde nela diz "mental ability" nos meus olhos. Só acho triste que meus olhos não sejam de cor clara e eu esteja pensando nisso à noite... quem sabe eu não procure ver isso quando alguém me doar uma lupa... Espelho eu tenho aqui.


6. Corrente do bem
Parecia um dia normal, a Paula estava se sentindo muito enjoada ficou sem almoçar, ela não quis nem comida que gosta do shopping. Resultado? Tive que comprar um bolo que a enjoou assim que ela viu  e acabou não comendo, por isso guardamos para comer quando chegássemos em casa. Quando chegamos na parada de ônibus, havia uma senhora, que havia acabado de descer de um ônibus, e aparentava estar bêbada, cansada e com fome. Conversamos qualquer coisa com ela e antes que ela saísse, demos o bolo a ela, que não me disse que sentia fome, mas simplesmente demos a ela.
Eu esperava no máximo algum agradecimento singelo, mas a mulher ficou com os olhos marejados e começou a chorar. Saiu, comendo, agradecendo e chorando, depois simplesmente desapareceu. Vou lembrar sempre daquela senhora frágil, bêbada, solitária, triste. Vou lembrar do rosto dela, principalmente quando lembrar que, no momento que dei o bolo, o sorriso e lágrimas que apareceram no rosto dela eram de pura e sincera gratidão.
É como se fosse uma corrente do bem, onde eu não espero nada de volta, espero apenas que a pessoa continue a fazer o bem.



Por ora, essas são mais algumas das minhas memórias inesquecíveis. Vivendo e armazenando memórias novas, memórias inesquecíveis, que nem o tempo, nem o avançar da idade e nem mesmo a Esclerose Múltipla serão capazes de tirá-las de mim... A vida não para no diagnóstico. Sigamos.

Então, isso é tudo por hoje, pessoal! Continuem lendo, acompanhando e revisitando o blog.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

O Invisível

Uma das vontades que tive foi criar um herói chamado super-ação, por causa do nome do blog, óbvio. Esse super-herói teria o poder de invisibilidade e só apareceria para as outras pessoas quando fosse alvo de algum preconceito e fosse maltratado, o herói deveria, nesse momento, iniciar um processo de conscientização sobre a Esclerose Múltipla.

Pois é, eu faria as espécies de tirinhas conforme as coisas acontecessem comigo. Hoje foi um desses dias que eu me senti o Super-ação, só que sem ação. Não é algo inédito, não para mim, o fato se repete todas as vezes que preciso me locomover usando o transporte público. Me senti alvo de preconceito e fui muito maltratado, estava me sentindo cansado e mal, tive que ficar em pé por quase 1h no ônibus porque o cobrador não estava nem aí pro fato de eu ser portador de necessidades especiais, simplesmente me expulsou da cadeira preferencial QUE "É MINHA" POR DIREITO sem sequer me ouvir.

Quem me conhece sabe que sou muito passivo, nunca fui de fazer barracos, arranjar briga e ficar gritando. Infelizmente, mesmo indignado, fiquei sem ação pra falar poucas e boas para o cobrador, o velhinho, o motorista e quem mais quisesse ouvir. Nessas horas, penso em quantos por aí são desrespeitados diariamente. Pessoas que, assim como eu, são invisíveis e têm os seus direitos roubados. São pessoas que por não serem entendidas são ignoradas e julgadas como pessoas que "querem ter doença de velho", que "criam doenças na cabeça", que "só fazem mimimi com qualquer dorzinha", que "não podem ter uma doença crônica porque não parecem tê-la", e o pior, pessoas que "tem essa doença porque não estão se tratando direito ou não estão orando o suficiente".



Imagino os jovens com Artrite Reumatóide que ouvem durante a yoga a frase "tão nova e cheia de dor? Alonga que passa". Imagino os jovens com lúpus que possuem sensibilidade à luz do sol e muita fadiga. Imagino os esclerosados que precisam explicar as oscilações da doença pra que as pessoas entendam que estar bem agora não significa estar bem sempre.

Até quando ainda vai haver tamanho desrespeito com as doenças crônicas? Até quando vou ter que ficar levantando da cadeira por ser humilhado dentro do ônibus mesmo tendo direito ao assento? Todo mundo quer ser respeitado, vamos todo mundo querer respeitar também?! Já deu de desrespeito pra uma só vida, né?!

ps: o nome dessa postagem é "O eu Invísivel". Bem como o "eu" não existe no título, mas existe no link, eu muitas vezes não existo no mundo de muitas pessoas, mas existo.


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Comentários fazem a diferença no dia a dia de um blog, informações, debates, troca de ideias, experiências fazem a diferença para mim e podem ajudar muito o próximo leitor, então divida com a gente suas ideias e questões, vou ter o maior prazer em responder. Obrigado :)

domingo, 1 de novembro de 2015

Um ano: gratidão a todos vocês e novidades!

Oi, amigos, tudo bem com vocês? Como anda a vida?

Hoje, o blog está completando o seu primeiro ano e quero agradecer a todos vocês leitores que fazem disso possível. Vocês são tão importantes pra mim e agradeço pelo carinho, comentários, visualizações e TUUUUDO o que vocês me enviam de bom (isso inclui as vibrações positivas de vocês). 

Hoje quero contar pra vocês umas novidades bem legais, espero que gostem e perdoem o período que fiquei sem postar: 

Esse mês de outubro foi o mês que eu comemorei os dois anos de diagnóstico. Sim, eu comemorei, porque melhor descobrir logo que tenho e tratar do que ficar super debilitado para, só então, receber o diagnóstico. Há dois anos eu estava com um andar péssimo e com muita indisposição para fazer o que mais amo que é caminhar, estava também ajeitando a papelada pra minha primeira internação. Mas a melhor lembrança que tenho desses 2 anos são as pessoas que se preocuparam de verdade comigo e se importaram com minha saúde e em saber como eu estava. Receber o apoio da minha família e amigos foi com certeza o que me deu mais gás pra encarar o diagnóstico com toda a positividade possível: minha mãe, Tereza; minha madrasta, Flora; meu pai, Julival; minha irmã, Danielle; minha madrinha, Marlene; e tantos outros como, por exemplo, minha amiga Fernanda Ferdinanda, Paola Martins, Natália Santis, Petrina, Raíssa e mais um bocado de gente que eu tenho que agradecer por me apoiar em um momento tão importante.

Segunda-feira tive uma consulta com minha médica e, diferentemente de 2013, estou clinicamente muito, MUITO, melhor. Segundo o que a médica disse, meu andar melhorou bastante e todos os problemas que eu tinha relacionados a coordenação motora, equilíbrio e força, melhoraram nos últimos três meses (curiosamente, é o oposto do que minha progenitora dizia pra tentar me fazer voltar pra vitamina D ou qualquer outra terapia que não fosse a tradicional). Infelizmente, minha memória não está lá um luxo e nem minha parte cognitiva, esse mês terei uma consulta com uma neuropsicóloga pra avaliar direitinho o porquê disso acontecer. 
Ah, outra coisa curiosíssima é que meus exames laboratoriais estão lindos. Eu não tomei vitamina D nos últimos três meses e curiosamente o exame mostra que meus níveis de vitamina D e cálcio no sangue estão bem próximos do limite máximo.

Por ora, minha Esclerose Múltipla parece estar clinicamente controlada, por isso, minha médica pediu novas ressonâncias e vários exames de sangue. Oremos. Mas tem mais:

Há um mês a Paula foi na casa de uma tia dela que tem um filho autista, lá o pessoal é muito leigo, religioso e preconceituoso em relação a doenças. Então, ficaram criando situações as quais a Paula supostamente vive comigo, porque as pessoas têm, ainda, uma visão muito distorcida da realidade de viver com uma doença crônica, principalmente uma que se chame ESCLEROSE. Então, começaram a falar sobre eu me esquecer de tudo e a Paula ter que ficar me lembrando o tempo todo das coisas; sobre eu ficar fazendo O TEMPO TODO xixi e cocôisas na calça e a Paula ter que ficar me limpando; sobre a Paula ter que andar pra cima e pra baixo comigo; sobre eu viver em depressão e NUNCA querer sair pra canto nenhum; sobre eu não fazer NADA em casa; e por aí segue uma lista de preconceitos ditos por eles. Vocês sabem como é, né?!

O que acontece é que não vivemos NADA do que foi mencionado. Inicialmente, a Paula ficou furiosa, até que ela teve uma ideia: “e se criássemos vídeos mostrando como que eles pensam que é e depois mostramos como de fato é? Vai ser bem divertido e vai ajudar muita gente, eu acho. Principalmente se fizermos o que eles acham que é com um tom de deboche”. Então, como uma espécie de “luz divina”, descobrimos que iam abrir aqui em Manaus uma turma de pessoas para fazerem aulas gratuitas de Teatro. Fizemos nossa inscrição: 80 inscrições e desses 80 inscritos seriam selecionados apenas 30 para fazer o curso. Por sorte, ou sei lá o quê, a Paula e eu fomos selecionados para fazer o curso, mesmo nossos números de inscrições tendo sido os de números 76 e 77, respectivamente.


Já participamos de três aulas e eu estou gostando bastante. As aulas estimulam a imaginação e criatividade, imagina um esclerosado criando em 1 minuto uma esquete (peça de curta duração) e ainda ter a esquete elogiada. Os exercícios usam todo um jogo de corpo e mente e têm sido muito interessante para mim. Estou engajado nas aulas e em breve os vídeos estarão no ar, espero que vocês assistam e gostem, porque estou me esforçando muito para fazer o melhor para todos vocês. Não vou desistir do curso e não vou desistir das ideias que tenho.

Outra novidade meio legal é que eu vou ser p... Ah, outra hora conto isso com calma!

Abraços em todos vocês e muito grato pela sua visita por aqui :*
A vida não para no diagnóstico. Sigamos.